29/10/08

Mar desconhecido para atravessar












São tantas lembranças, imagens, sequências
Tantos fragmentos de felicidade
Que me inundam pelas ausências
E me arrastam para a tempestade

Deixando-me assim, livre e solitário
Com um mar desconhecido para travessar
Sem nunca por mim me ter guiado
Hoje sou marinheiro e tenho de navegar

Que a bússola em mim nunca se engane
E que os ventos me levem a bom porto
Traçarei novas rotas daqui em diante
À descoberta de um mundo novo

Serei assim o único mapa a bordo
O responsável das trapaças do destino
Terei por mero e eterno consolo
Ter vindo ao mundo e estar bem vivo


Bruno Fernandes


_____________________________edicao.pta2008.algarvedigital.pt

Cumpre com o teu destino













 

Insónia partilha as tuas noites
Solidão acompanha-te pelos teus dias
Porque trazes cravado na memória
O pavor das falças alegrias

Todos temos as nossas histórias
Nem sempre felizes, mas nunca em vão
Sabes que a vida tráz poucas glórias
Mas chama-nos sempre à razão

Cumpre o teu destino
Eleva a tua alma
Treva as lutas pelo teu caminho
Que na vida não se ganha à balda

Aceita mesmo até quando perdes
Se queres ter mais valor
Para saberes bem quem tu és
Tens de passar pela dor

Bruno Fernandes  
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28/10/08

No balanço da canção (Fado)













Coração preso na escuridão
Não é esse o teu caminho
Não há maior dor ou desilusão
Que mereça tal castigo

Coração ferido por compaixão
Não te feches no teu abrigo
Vem prócurar a razão
Das jogadas do destino

Coração, coração
São tantos os corações
Que no balanço da canção
Se inundam de emoções

Coração tímido e trapalhão
Com todo o trabalho que tens tido
Ainda não encontraste a condição
Para a tranquilidade e o alívio

Coração frio e rezingão
Tambem tu não estás esquecido
Bem sabemos que escondes em vão
O calor que tens sentido


Bruno Fernandes

25/10/08

Pega-me nos teus braços















Nações e potências
Políticos enganados
Joga-se à experiência
Nós somos os condenados

Tribunais, audiências
Trabalhos e cansaços
Produtos e ciências
Povos esfomeados

Medos, incertezas
Pedaços do passado
Solidão, ausências
Será que o destino está traçado?

Sentimentos e fracassos
Alertam para certos sinais
Pega-me nos teus braços
Fica um pouco mais

Há vidas que precisam de espaço
Eu preciso de ti
Pega-me nos teus braços
Aperta-me contra ti

Pega-me nos teus braços
Aperta-me contra ti
Atende aos meus desabafos
Estou tão bem assim


Bruno Fernandes 

Jogo de sombras















Jogo de sombras à luz das velas
Meço os prós e os contras
Dos encontros com ela

Bem tarde pela noite dentro
Nem há sono nem conta mais o tempo
Tal o pesadelo deste estranho sentimento

Procuro nas estações de rádio
Uma canção para me aliviar
Um cigarro preso aos lábios
E um copo a acompanhar

Sozinho deitado no sofá olhar virado ao tecto
Mas porque é que será que nada bate certo ?
Nem a música me pode ajudar
E eu nem sei o que ei de tentar
Porque nada disto estou a estranhar

Bruno Fernandes 


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Guerrieiro dos tempos modernos















Já venceu os piores invernos
Combateu os maiores infernos
Lutou por sonhos eternos
O guerreiro dos tempos modernos

Sofreu bastantes suplícios
Travessou os grandes vícios
Correu já tantos riscos
O guerreiro dos tempos mistos

Tudo para encontrar
Um dia o teu olhar

Libertou o seu amor
Esqueceu o que é a dor
Enterrou o esplendor
Que à vida dá a cor

Navegou pela escuridão
Arrasou em multidão
Enfrentou o coração
O guerreiro da solidão


Bruno Fernandes

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Fruto da ilusão















Toda a gente tem a sua história
Escrita por quem partilha um capítulo
Um episódio ou um livro
Eu só tenho na memória
Um volume enorme e apenas o título

Tenho guardado pedaços de cenários
E cortes de fita
Até já me marcaste os horários
Para encenar a tua vida

Quando precisas de abrigo
Sou quem te vai acolher
Quando queres um amigo
Tenho que te entender
Até jogo ficção quando tenho de desaparecer
E faço de herói e faço de vítima
A cores e a preto e branco
Quando não te agrada, faço de crítica
Sou o fruto da tua ilusão


Bruno Fernandes 

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Dizes que não precisas de amor

Dizes que não precisas de amor


 







Dizes que não precisas de amor
Porque sabes que não vais perder
Sentes que tens valor
Para conseguires o que queres fazer

Dizes que não é preciso aprender
O que ainda não conheces
Sabes que vais vencer
Porque pensas que o mereces

Deitas fora quem te ama
Não és tu que te vais prender!
Tal é a força da tua chama
Queima tudo em vez de arder

Tal é a vontade de preencher a tua vida
Que acabas por cair na indiferença
E vais abafando a tua ferida
Mesmo aceitando essa evidência


Bruno Fernandes 

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A tudo o que deixamos para trás






 






A tudo o que deixamos para traz na nossa vida
A tudo o que passou por nós, que não vimos
Ás vezes que pensava-mos que era uma causa perdida
E talvez foi a nós próprios que mais mentimos

Ás pessoas magníficas
Que não tivemos tempo para conhecer
Porque o tempo era tão preciso
Para nada se fazer
Ás vezes que avia-mos ter calado
Ou algo dizer
Mas deixamos passar o barco
E deitamos tudo a perder

Aos amores que nos davam jeito
Mas os quais nunca aprofundamos
Ás paixões que fizeram efeito
Mas das quais nunca falamos

Tudo o que deixei para traz
Tudo o que ficou por fazer
Será que vou ser capaz
De começar a viver?


Bruno Fernandes  
 
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A onda que me guia













Ó mar , ó mar ! Tens a onda que me guia
Que me pode encaminhar

Ó vida , ó vida ! Tens a sombra que esvazia
A alma do meu olhar

Ó fado , ó fado ! Tens a tristeza que se aplica
No meu lado assombrado

Ó eu , ó eu ! Que fiz e não queria
Com que a vida e a morte morreu

Ó dia , ó dia ! Prometeste tanto à fantasia
Que ao final sempre mentia

Ó tempo , ó tempo ! Continuas aquele momento
Que eu ainda mais lamento

Ó noite , ó noite ! Tanto fazes de mim alguém
Como me fazes passar por doido

Bruno Fernandes  
 

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A ferida e eu somos um par













Sei que tenho uma ferida e não me dói
Não a tento curar
Há tempo na vida que mói
Quero a ferida lembrar
Cá dentro em mim me rói
Berro sem ter de me escutar

Fantasmo no meu mundo
Afasto-me um segundo
Deixem a ferida acordar
Quero com ela lutar
Temos contas para acertar
Quem vai com quem acabar
Eu não te quero matar
E tu estás aqui para lembrar
Quem eu já fui encontrar

A ferida e eu somos um par
Ninguém vai abandonar
Chega de se afastar
Esta é que eu vou guardar


Bruno Fernandes  
 

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Deste-me força e esperança












Deste-me força e esperança
Libertaste-me de um pesadelo
Envolveste-me na tua dança
Como um fio num novelo

Descoseste a tua bondade
Arremedaste as minhas mágoas
Porquê tanta vontade
Perante as minhas águas passadas ?

Verbos, palavras e frases
São tantas letras
Que até definem a definição
Eu ando numa fase
Que não sei exprimir
O que vai no meu coração

Talvez não me quero entregar
Para não ter de te perder
Se entre nós correr mal
Talvez só te quero amar
Para poder conter
O meu estado emocional

Mas fica ao pé de mim
Deixa o tempo passar
Deixa que o tempo por fim
Nos possa juntar


Bruno Fernandes  
 
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Criar um novo rumo







 



Milhares de bagos frios presenciaram tanta cena
Houve tantos arrepios mas nunca houve um poema
Houve tantos contactos físicos que se deram só ali
Uma questão de matar um prazer sem esplendê-lo até ao fim

Quando o sol está a avisar que vai partir para outro lugar
Desaparecem já cansados os corpos morenos e salgados
Como no fim de um acontecer vem sempre um homem varrer
Assim o vento cá vem ter, estica o lençol para adormecer

Uma claridade já escura que envelopa o panorama
A raiar de vermelho a fronteira do horizonte
Já à espreita está a lua a espelhar a minha chama
Humidade desgraçada a correr de alguma fonte

Um silêncio rasgado pelo rebentar de algumas ondas
Me leva para o passado onde nossas noites eram longas
Se os projectos que fizemos fossem a acontecer
Hoje eu não estava perdido e farto de sofrer

Passo a noite inteira sentado na areia
Me perguntando se tenho forças para esquecer
Uma vontade de gritar, arrancar e acordar
Uma verdade para abafar, matar ou desvendar?

Quero sempre me lembrar desta história deste lugar
Apesar de largar tudo e viajar para outro sítio lá no fundo
É tempo de me ocupar do meu lugar do meu mundo
Eu quero o enfeitar e criar um novo rumo


Bruno Fernandes  

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