
Milhares de bagos frios presenciaram tanta cena
Houve tantos arrepios mas nunca houve um poema
Houve tantos contactos físicos que se deram só ali
Uma questão de matar um prazer sem esplendê-lo até ao fim
Quando o sol está a avisar que vai partir para outro lugar
Desaparecem já cansados os corpos morenos e salgados
Como no fim de um acontecer vem sempre um homem varrer
Assim o vento cá vem ter, estica o lençol para adormecer
Uma claridade já escura que envelopa o panorama
A raiar de vermelho a fronteira do horizonte
Já à espreita está a lua a espelhar a minha chama
Humidade desgraçada a correr de alguma fonte
Um silêncio rasgado pelo rebentar de algumas ondas
Me leva para o passado onde nossas noites eram longas
Se os projectos que fizemos fossem a acontecer
Hoje eu não estava perdido e farto de sofrer
Passo a noite inteira sentado na areia
Me perguntando se tenho forças para esquecer
Uma vontade de gritar, arrancar e acordar
Uma verdade para abafar, matar ou desvendar?
Quero sempre me lembrar desta história deste lugar
Apesar de largar tudo e viajar para outro sítio lá no fundo
É tempo de me ocupar do meu lugar do meu mundo
Eu quero o enfeitar e criar um novo rumo
Bruno Fernandes
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